domingo, 24 de setembro de 2017

Ervas têm poder de cura, mas também podem ser perigosas



Muita gente usa ervas medicinais para tratar as mais variadas doenças. Há quem prefira esse tratamento aos métodos da Medicina tradicional. Não é à toa que, em Belém, há muitas lojas que vendem uma variedade de produtos, muitas das quais localizadas na área do Ver-o-Peso. A vendedora Rosineide Braga, 38 anos, trabalha em uma dessas casas que comercializam ervas medicinais. Há 20 anos, ela vende esses produtos, uma tradição que vem de sua mãe. “Agora, o que está na mídia é a ‘canela de velho’. Serve para dores reumáticas, artrite, artrose. Vai agir nas articulações e no sangue”, afirmou. O ‘amarrado’ (o maço) custa R$ 2,00. O modo de preparar, disse, é simples. “São cinco folhas para um litro de água. Toma três vezes por dia, 100 ml”, explicou. “Em jejum é o melhor horário”, orientou.

A médica Tereza Azevedo, do Conselho Regional de Medicina do Pará, comentou o assunto. “Os fitoterápicos (ervas) podem provocar eventos adversos, como toxidade, ocasionando alteração hepática, renal, gastrite, etc.”, afirmou. Segundo a médica, o “cuidado que temos que ter com os produtos naturais é igual como ter com medicamentos alopáticos (medicamentos com ação específica à patologia apresentada)”. E acrescentou: “O uso excessivo de fitoterápicos, sem os devidos cuidados, desde a lavagem das folhas, caule, raízes (devido às fezes dos passarinhos), e a quantidade a ser usada, podem ocasionar danos irreversíveis ao organismo. Essas orientações podem ser fornecidas pelos farmacêuticos de farmácia de manipulação”.A médica afirmou ainda ser “adepta ao natural, sem agrotóxicos, sem conservantes, sem química. Mas temos que ter bom senso: não utilizar indiscriminadamente, sem, antes, saber a dosagem adequada, a fim de evitar efeitos prejudiciais à saúde”.

A ‘unha de gato’, comentou, também é muito procurada. “Vai agir no sistema imunológico: fraqueza, carência de vitamina D, de cálcio”, disse. O quilo custa R$ 15,00. “São 50 gramas para um litro. Três vezes ao dia”, afirmou. Outra muito procurada é o pariri, que “age sobre o sangue. Vai juntando muitas enfermidades”. Há quem a use, inclusive, para o tratamento do câncer, disse Neide, como ela é mais conhecida em seu trabalho. O ‘amarrado’ também custa R$ 2,00. “São dez gramas para um litro”, disse. Neide explicou que muitas pessoas querem associar o uso dessas ervas com a Medicina tradicional, “o que é muito importante. Eu sempre digo que não podemos descartar o estudo. É um sonho meu fazer Farmácia, que vai casar muito bem com meu conhecimento de 20 anos nas ervas”, afirmou.

Ela disse que “usa muito” esses produtos. “Tenho quatro crianças. Elas têm 6, 10, 15 e 17 anos. Eu uso desde que elas nasceram. Só em último caso procuro médico”, disse. “Para qualquer problema sempre usei as ervas”, afirmou. Neide contou que só vai ao médico quando, por exemplo, a febre não passa. Ou quando o vômito e a diarréia são excessivas. As pessoas que procuram a loja em que ela trabalha, já vêm por indicação de quem faz uso dessas ervas. “Vêm por indicação de colega, da mãe, da tia. Por alguém que viu a pessoa ser curada e melhorar daquela doença. Às vezes, a gente indica para o marido, que já traz a esposa”, disse.

Aos que nunca usaram essas ervas, Neide recomenda que não façam uso desses produtos por conta própria. Ou seja: que, antes, conversem com quem já usou e conhece esse tratamento. “Minha orientação para quem nunca usou e está pensando em usar é: não venham só. Venha com quem conhece (o uso das ervas). Muitos pegam receita de internet. Só que, muitas das vezes, as ervas não são daqui. Podem ser da Índia, da China, por exemplo. E a pessoa não sabe. Acho que tudo está aqui, em Belém do Pará”, disse. Ela acrescentou que os funcionários do estabelecimento onde trabalha sempre orientam os consumidores sobre o preparo e o modo de usar de cada erva.

Ele afirmou que não há um tempo exato para, usando essas ervas, a pessoa ficar boa de seu problema de saúde. “Isso depende de cada organismo”, afirmou.

Neide usa essas ervas há mais de duas décadas. “Uso para dores no estômago, problemas hepáticos, anemia, problemas gastrointestinais. Eu mesmo já fui curada de um cisto através dessas ervas”, garantiu.

Neide contou que começou a trabalhar com ervas aos 15 anos, com sua mãe na feira. “Na verdade, uso desde que nasci, pois vem da minha mãe e da minha avó”, afirmou.

Fonte:http://www.orm.com.br/noticias/para/OTg5NA==/Ervas-tem-poder-de-cura-mas-tambem-podem-ser-perigosas

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