Eram aproximadamente 4h da madrugada do dia 7 passado e os rodoviários da linha de ônibus Icuí-Guajará começavam mais um dia de trabalho quando um grupo de assaltantes fez mais uma abordagem criminosa a um coletivo da empresa. Desta vez, o susto e o risco foram ainda maiores que o corriqueiro: eles atiraram no veículo e por pouco não acertaram o motorista. Revoltados com esse tipo de cena cada vez mais recorrente, os rodoviários da linha decidiram paralisar as atividades na manhã do último dia 7 de novembro. Apesar de voltarem 3h depois do ato de protesto, o receio e o sentimento de insegurança constante permanece entre a classe.
Rodoviário há 8 anos, Carlos Augusto, 32 anos, conta que já passou por 7 assaltos dentro do veículo, em diversas localizações pela cidade. Segundo ele, há muitos anos a situação de violência dentro dos coletivos vem se agravando mas há quatro meses tudo piorou e em uma localidade específica pela qual a linha de ônibus passa: a área conhecida como “Pasqual”, região onde falta iluminação e asfalto adequado, o que facilita a prática criminosa. “Como tem muito buraco e lombada, a gente é obrigado a reduzir a velocidade e quando vê os criminosos já estão parados na frente do ônibus, armados e prestes a entrar e assaltar todo mundo”, relata.
Os rodoviários do Icuí-Guajará dizem que contam com o apoio da Polícia Militar, que fazem rondas ocasionalmente e atendem aos chamados quando possível, mas que a atuação não está sendo o bastante e é pequena em comparação ao número de assaltos todos os dias.
TRABALHO PREJUDICADO
Como se não fosse o suficiente o trânsito difícil da Grande Belém, os rodoviários têm que lidar com o estresse de trabalhar sobressaltado o tempo inteiro. A rotina é sair com o mínimo de casa e torcer para voltar com tudo depois de cumprir seu turno. No ônibus, ou nem leva o celular ou deixa o aparelho escondido. Além disso, o olhar e a mente precisam ficar atentos para pessoas suspeitas. “Nós somos alvo fácil, principalmente de madrugada. Quando suspeita que vai ter assalto, a gente ainda tenta avisar à Polícia Militar, mas nem sempre dá tempo”, diz um rodoviário que já atua há 31 anos na profissão mas preferiu ficar no anonimato para evitar possível retaliação por parte dos bandidos da área.
De acordo com o rodoviário, a criminalidade aumentou muito nos últimos anos e a carga de responsabilidade é muito grande para se lidar sem estresse. “A gente está transportando vidas e acaba se tornando responsável por elas. Sinceramente, fazemos porque dependemos do trabalho, nossa família depende dessa renda”, desabafou.
Fonte:https://www.diarioonline.com.br/noticias/policia/noticia-466271-rodoviarios-seguem-refens-da-violencia.html
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